Em um movimento que combina recuo econômico e tensão política, o governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (30) a lista de produtos brasileiros isentos da sobretaxa de 50% prometida pelo presidente Donald Trump. Ao mesmo tempo, reforçou as sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aprofundando a crise diplomática com o Brasil.
TARIFAÇO ESVAZIADO
A Casa Branca divulgou uma tabela com 694 produtos brasileiros que ficarão de fora da tarifa, que elevará de 10% para 50% os tributos sobre exportações a partir de 6 de agosto. Entre os setores beneficiados estão áreas consideradas estratégicas:
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Aeronáutico: aviões, peças, motores e simuladores de voo, protegendo empresas como a Embraer.
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Agronegócio: suco de laranja, polpa de frutas e castanha-do-pará.
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Mineração e metais: ferro, aço, cobre, nióbio e ouro.
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Energia: petróleo, gás natural, coque e derivados.
Por outro lado, produtos como café, carne bovina, frutas e calçados não foram poupados, o que deve afetar setores fortemente dependentes do mercado estadunidense. Segundo dados da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), 43,4% das exportações brasileiras aos EUA (cerca de US$ 18,4 bilhões em 2024) foram isentas, mas o restante enfrentará novas barreiras.
SANÇÕES A MORAES
Enquanto recuava em parte do tarifaço, o governo Trump intensificou o embate político ao incluir o ministro Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, que prevê o bloqueio de bens e proíbe transações com empresas e cidadãos americanos. A justificativa foi a alegação de “perseguição a adversários políticos”, em referência a processos contra Jair Bolsonaro e investigações sobre big techs.
O STF reagiu com veemência. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, classificou a medida como um “ataque à soberania nacional”. Já o governo brasileiro afirmou, em nota oficial, que “não se curvará a pressões externas”. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou em reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que o Brasil “reserva-se o direito de responder”.
REPERCUSSÃO
O presidente Lula convocou uma reunião de emergência com ministros para avaliar possíveis medidas de retaliação. Enquanto isso, setores econômicos demonstram preocupação com os prejuízos:
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Café: o Brasil exportou US$ 2 bilhões em 2024 aos EUA; a tarifa pode encarecer o produto no mercado americano.
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Carnes: os EUA são o segundo maior comprador da proteína brasileira; empresas como JBS e Marfrig já estudam ajustes.
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Frutas: exportações de manga, açaí e uva também devem ser impactadas.
Analistas avaliam que o recuo parcial do tarifaço é uma jogada política de Trump, que tenta agradar setores internos sem comprometer cadeias produtivas americanas que dependem de insumos brasileiros. O desfecho da crise dependerá da resposta brasileira e da evolução das relações diplomáticas nas próximas semanas.
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