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Cerrado em chamas: quilombo luta contra incêndio há 6 dias sem nenhum apoio no Tocantins

Cerrado em chamas: quilombo luta contra incêndio há 6 dias sem nenhum apoio no Tocantins

Notícias do Tocantins – A Comunidade Quilombola Grotão, localizada na zona rural de Filadélfia (TO), enfrenta há seis dias incêndios que tiveram início em 1º de setembro. O fogo teria começado após a queda de um fio da rede elétrica que atravessa a região. Até hoje, as chamas seguem ativas, ameaçando moradias, roçados e áreas de vegetação nativa, sem qualquer assistência dos órgãos competentes — situação que causa grande preocupação e prejuízos às famílias quilombolas.

De acordo com os moradores, o incêndio começou quando uma árvore caiu sobre a rede elétrica. Desde então, pelo menos outras três árvores já atingiram a rede, e várias permanecem sob risco de queda devido ao avanço das chamas, agravando ainda mais a situação.

A comunidade denuncia que, há anos, a concessionária responsável não realiza as podas preventivas da vegetação próxima à rede, limitando-se a intervenções emergenciais apenas após acidentes. Animais já sofreram choques e o fornecimento de energia elétrica tem sido constantemente interrompido. Essa negligência, segundo os moradores, explica a rápida propagação do fogo, que só não destruiu casas e plantações graças à mobilização da própria comunidade.

Apesar dos esforços coletivos, focos de incêndio ainda permanecem ativos, colocando em risco tanto o Cerrado quanto as famílias quilombolas. Uma das áreas mais atingidas foi o “Brejo da Maria Viúva”, considerado estratégico por ser fonte de água fundamental para o território. O espaço foi arrasado pelas chamas, comprometendo a biodiversidade e a segurança hídrica da comunidade.

Os moradores também denunciam a ausência de apoio dos órgãos públicos. Contatos foram feitos com o Naturatins, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, mas, até o momento, nenhuma ação concreta foi realizada. Diante da gravidade, a comunidade registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, buscando garantir a apuração das responsabilidades e providências cabíveis.

“Hoje estamos sozinhos enfrentando o fogo. Estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos de apoio imediato antes que a tragédia seja ainda maior”, declarou uma liderança da comunidade. Ela também destacou que muitas famílias quilombolas seguem sem acesso à energia elétrica — um direito já reivindicado há anos. O Programa Luz para Todos ainda não atendeu a comunidade: “o que chegou na nossa porta foi o medo e a destruição causada pelo fogo”, lamentou.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Regional Araguaia-Tocantins, que historicamente acompanha as famílias, e a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) cobram das autoridades competentes medidas urgentes para conter o incêndio, responsabilizar os agentes envolvidos e implementar ações preventivas que evitem novas tragédias.

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