Notícias do Tocantins – O brutal assassinato da jovem indígena Harenaki Javaé, de apenas 18 anos, chocou o Tocantins. O corpo da vítima foi encontrado parcialmente carbonizado na noite de sábado (6), na aldeia Canuanã, na Ilha do Bananal, com indícios de violência sexual. O caso gerou indignação e levou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) a montar, nesta terça-feira (9), uma força-tarefa para apurar o crime com máxima prioridade.
A 3ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP-Gurupi), especializada em investigações complexas, foi deslocada para apoiar a 84ª Delegacia de Formoso do Araguaia. A Delegacia-Geral da Polícia Civil, em Palmas, também reforçará os trabalhos. Em nota, a SSP informou que mantém o sigilo das investigações, mas garantiu que “todas as medidas estão sendo tomadas para elucidar o caso com a maior rapidez possível”.
REPERCUSSÃO DO CASO
Na Assembleia Legislativa, parlamentares reagiram com veemência. A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Vanda Monteiro (UB), repudiou o feminicídio:
“Esse crime não é apenas uma violência brutal, é uma afronta à vida, à dignidade humana, à cultura indígena e à memória de todas as mulheres que lutam diariamente para sobreviver. O Tocantins está chocado, e o Brasil acompanha horrorizado mais esse episódio de brutalidade”, disse.
Monteiro exigiu celeridade nas investigações e cobrou a aplicação efetiva da Lei nº 4.534, de sua autoria, que prevê monitoramento eletrônico de agressores. “É inadmissível que a lei siga sem aplicação prática por falta de equipamentos. O governo deve agir imediatamente para salvar vidas”, reforçou.
A parlamentar apresentou requerimentos pedindo:
-
Reforço do patrulhamento da Ronda Maria da Penha em aldeias indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas.
-
Campanhas permanentes de divulgação do aplicativo Salve Mulher para denúncia e prevenção da violência.
A deputada Cláudia Lelis (PV) subscreveu os pedidos, destacando o aplicativo como ferramenta essencial. O deputado Jorge Frederico (Republicanos) convocou a Comissão de Assuntos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais para acompanhar de perto o caso:
“Esse feminicídio não pode ser tratado como mais um episódio. A Comissão precisa ouvir, investigar e cobrar providências diretas da polícia”, afirmou.
Já o presidente da Comissão de Segurança Pública, Moisemar Marinho (PSB), alertou para o déficit de efetivo na Polícia Civil, lembrando que delegacias no interior têm fechado por falta de pessoal.
“O governo precisa se sensibilizar, não só pelos servidores sobrecarregados, mas para proteger as mulheres e toda a população”, destacou.
NÚMEROS DA VIOLÊNCIA
Os números reforçam a gravidade da situação: entre 2013 e 2023, mais de 47 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, média de 13 feminicídios por dia. Só em 2025, o Tocantins já registrou 4.028 casos de violência contra a mulher.
A morte de Harenaki Javaé deixa um apelo que ecoa além das fronteiras do Tocantins: que sua memória seja um chamado à ação e um grito por justiça. O desfecho rápido das investigações e a adoção de medidas efetivas de proteção às mulheres agora são exigências da sociedade.
- Acompanhe diariamente as notícias do Tocantins pelos nossos canais no WhatsApp, Telegram, Facebook, Threads e Instagram.