Notícias do Tocantins – A direção do Hospital Regional de Arraias se pronunciou sobre as denúncias envolvendo uma técnica de enfermagem suspeita de aplicar golpes contra colegas de trabalho. O caso ganhou repercussão após 16 servidoras terem sido lesadas, sendo que 12 já registraram boletins de ocorrência na Polícia Civil.
Segundo o diretor do hospital, os fatos chegaram à direção no final de abril de 2025. Na ocasião, ao buscar orientações junto à Corregedoria da Saúde, a administração foi orientada a recomendar que as servidoras registrassem boletins de ocorrência, pois, segundo o órgão, tratava-se de um processo civil.
A direção também esclareceu que a suspeita não utilizou equipamentos ou sistemas do hospital para aplicar os golpes, já que os dados foram fornecidos pelas próprias servidoras, que buscavam ajuda para o recebimento de passivos.
Os crimes teriam praticados com o uso de dados pessoais armazenados no aplicativo bancário instalado no celular da própria suspeita, e incluíam solicitações de cartões de crédito, antecipações de 13º salário, realização de empréstimos e transações via PIX. As operações ocorreram por aproximadamente dois anos, causando prejuízos financeiros e emocionais às vítimas.
Após o registro dos boletins, a direção protocolou junto à Secretaria de Estado da Saúde, em 21 de maio de 2025, pedido de providências que resultou na abertura de processo administrativo pela Corregedoria da Saúde, contrariando a alegação de que não foram tomadas medidas.
O hospital também comentou sobre o abaixo-assinado entregue por uma servidora, solicitando o afastamento da suspeita: “A medida já havia sido adotada com a abertura do processo administrativo. No momento da entrega física do documento, os Boletins de Ocorrência foram protocolados e entregues à servidora, comprovando a abertura do processo”, destacou a direção.
Quanto ao afastamento imediato da técnica de enfermagem, a administração reforçou que essa decisão não é de competência da direção do hospital, pois os procedimentos disciplinares são conduzidos pela Corregedoria da Saúde. O processo administrativo atual envolve uma Investigação Preliminar Sumária (IPS), que servirá de base para as medidas legais cabíveis.
Apesar das medidas oficiais, as vítimas relatam medo e insegurança em continuar trabalhando com a suspeita, que retornou recentemente ao hospital após período de licença médica. “É quase impossível trabalhar ao lado de quem cometeu crimes contra colegas. Todos estamos com medo”, afirmou uma das servidoras lesadas.
A Direção-Geral do hospital finalizou dizendo que mantém-se à disposição para prestar quaisquer informações adicionais que se fizerem necessárias.
Posição da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO)
A reportagem também procurou a Secretaria Estadual de Saúde, que enviou a seguinte nota oficial:
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que procedimentos disciplinares da Pasta são conduzidos pela Corregedoria da Saúde, que recebeu da direção do Hospital Regional de Arraias denúncia relacionada ao caso e já autuou processo para abertura de uma Investigação Preliminar Sumária (IPS), a qual embasará as tomadas de medidas legais cabíveis.
A SES-TO destaca que, em consonância com a legislação vigente, as investigações seguem em sigilo, pois no processo administrativo disciplinar apenas o Estado representado pelos servidores da unidade correcional, o Secretário e o servidor acusado são considerados parte no processo. À Pasta cabe a publicidade ao desfecho do processo após a conclusão da apuração, em conformidade com a legislação, resguardando-se o sigilo dos atos enquanto durar a investigação.
A SES-TO pontua que já está construindo um memorando circular que vai em anexo um encarte sobre os riscos de se compartilhar senhas e dados pessoais no ambiente de trabalho e as implicações disciplinares de quem compartilha e de quem usa de forma irregular essas informações.
Por fim, a SES-TO enfatiza que, em casos como o relatado, a orientação é o registro de boletim de ocorrência junto às autoridades policiais e a denúncia na Ouvidoria do SUS, um canal seguro para relatos de queixas e elogios a respeito dos serviços e acolhimentos recebidos nas unidades sob sua gestão. Os contatos são: (63) 3027-4340 e (63) 99932-0531 e e-mails: ouvidoria@saude.to.gov.br e ouvidoria.sus.to@gmail.com. As denúncias podem ser feitas de forma sigilosa e, para todas elas, são abertos processos investigativos e tomadas as medidas legais cabíveis.
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