Notícias do Tocantins – Um ato de crueldade chocou moradores da zona rural de Filadélfia, no norte do Estado. Um cachorro foi morto com um tiro de espingarda dentro da propriedade de seu tutor, o lavrador Antônio Pereira Marinho (foto destaque), de 66 anos, na região da Barraria, no último sábado (29/9). O principal suspeito é conhecido como João Boiadeiro e mora em uma fazenda vizinha.
De acordo com o registro da ocorrência, o homem foi visto deixando a propriedade de seu Antônio armado com uma espingarda. O cachorro, que dormia próximo à cozinha, foi atingido com um tiro e morreu no local. O crime aconteceu uma semana antes do Dia Mundial dos Animais, celebrado em 4 de outubro – data que reforça a importância do respeito e da proteção aos seres vivos.
“Eu tava deitado, ouvi o tiro e corri pra ver. Quando cheguei, o cachorro já tava morto e ele (o suspeito) passando pela cerca com a espingarda na mão”, contou seu Antônio, ainda abalado. “Eu não quero um centavo de indenização. Eu quero é justiça e respeito.”
Segundo familiares, o cão era dócil e vivia solto na propriedade, acostumado à presença de vizinhos e visitantes. “Era o companheiro do meu tio, muito manso, brincava com as crianças. Ele só latia pra avisar quando alguém chegava, nunca atacou ninguém”, relatou uma sobrinha do morador.
Um vizinho afirmou ter ligado para o suspeito logo após o crime. No primeiro momento, ele teria negado a autoria, mas depois disse que atirou no cachorro porque ele estaria atacando animais de sua fazenda – justificativa rechaçada por várias testemunhas.
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Ainda conforme os relatos, uma equipe policial chegou a ir até a propriedade do suspeito, mas não o encontrou. Dias depois, ele se apresentou na delegacia de Filadélfia, foi ouvido e liberado.
A Polícia Civil informou, em nota, que o autor foi identificado e que será instaurado inquérito policial para apurar o crime.
O caso gerou revolta e comoção na região de Filadélfia, onde moradores pedem punição exemplar. “A gente fica sem chão. Matar um animal indefeso, dentro da casa do dono, é uma covardia sem tamanho”, disse uma vizinha que presenciou o desespero do idoso, que vive com um irmão deficiente auditivo.
O crime ocorreu poucos dias antes da data que marca a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, criada pela Unesco em 1978. O documento estabelece que “todo ato que implique a morte desnecessária de um animal constitui biocídio” – ou seja, crime contra a vida.
No Brasil, os maus-tratos e a morte intencional de animais estão previstos no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), com pena que pode chegar a cinco anos de prisão e multa.
Enquanto a investigação segue, seu Antônio tenta lidar com a ausência do companheiro de anos: “Era meu amigo, meu guardinha, meu companheiro. Eu só quero que a justiça olhe por ele.”
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