A aids, causada pelo HIV, continua sendo uma questão de saúde pública global. Em 2023, o Brasil registrou um aumento de 4,5% no número de casos de HIV em comparação a 2022, totalizando 38 mil novos diagnósticos. Apesar disso, o país também alcançou um marco importante: a menor taxa de mortalidade desde 2013, com 10.338 óbitos registrados. Esses dados, divulgados pelo Ministério da Saúde em 12 de dezembro, refletem avanços e desafios no combate à epidemia.
Regiões e perfis mais afetados pelo HIV
Entre as regiões brasileiras, a Região Norte apresentou a maior taxa de detecção de HIV, com 26%, seguida pela Região Sul, com 25%. A maioria dos casos registrados em 2023 ocorreu entre homens, totalizando aproximadamente 27 mil diagnósticos. Além disso, a faixa etária mais afetada foi a de 25 a 29 anos, o que indica uma maior incidência em jovens adultos. Esses números ressaltam a importância de estratégias regionais e focadas nos grupos mais vulneráveis para conter a disseminação do vírus.
Por que os casos de HIV estão aumentando?
O aumento de casos de HIV em 2023 está diretamente relacionado à maior disponibilidade da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Conforme explica o Ministério da Saúde, “uma vez que para iniciar a profilaxia, é necessário fazer o teste. Com isso, mais pessoas com infecção pelo HIV foram detectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral”. Esse avanço permitiu que o Brasil alcançasse 96% de diagnósticos entre as pessoas vivendo com HIV, um dado crucial para os objetivos de eliminação da aids como problema de saúde pública até 2030, conforme compromisso firmado com as Nações Unidas.
A mortalidade em queda: o que mudou?
Embora os casos de HIV tenham aumentado, o Brasil atingiu a menor taxa de mortalidade por aids em dez anos, com 3,9 óbitos por 100 mil habitantes. Esse resultado é fruto do aumento do acesso à terapia antirretroviral e de avanços no diagnóstico precoce. Atualmente, 82% das pessoas diagnosticadas estão em tratamento, e 95% delas apresentam carga viral intransmissível, o que reduz significativamente a propagação do vírus e melhora a qualidade de vida dos pacientes.
A PrEP como estratégia fundamental
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) tem desempenhado um papel vital na prevenção do HIV. O tratamento, distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atingiu 109 mil usuários em 2023, um aumento significativo em comparação aos 50,7 mil de 2022. Além de prevenir novas infecções, a PrEP tem contribuído para o aumento do número de diagnósticos, dado que o início do tratamento requer a realização de exames regulares.
Desafios para o futuro
Apesar dos avanços, ainda há barreiras significativas a serem superadas. Um dos maiores desafios, conforme apontado pelo Ministério da Saúde, é “revincular as pessoas que interromperam o tratamento ou foram abandonadas, muitas delas no último governo”. Para eliminar a aids como problema de saúde pública, é essencial garantir que todas as pessoas recém-diagnosticadas tenham acesso ao tratamento e que aquelas em tratamento continuem recebendo suporte.
Outro ponto crucial é atingir as metas da ONU, conhecidas como 95-95-95: 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; 95% delas em tratamento antirretroviral; e, do grupo em tratamento, 95% com carga viral intransmissível. O Brasil já atingiu os índices de diagnóstico e carga viral intransmissível, mas precisa melhorar a adesão ao tratamento, atualmente em 82%.
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Referência: agênciaBrasil