O dólar à vista atingiu uma nova máxima intradia histórica nesta terça-feira (17), cotado a R$ 6,1741, refletindo uma combinação de fatores internos e externos que elevam a percepção de risco e pressionam o mercado. Esta alta expressiva ocorre em um cenário de instabilidade fiscal no Brasil, preocupações com a política monetária e movimentações na economia global.
Contexto: o que levou o dólar à máxima histórica?
A trajetória de alta do dólar tem origem em eventos domésticos e internacionais. No Brasil, os riscos relacionados ao pacote fiscal em tramitação no Congresso Nacional e a recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom) são os principais fatores internos.
Na ata divulgada hoje (17), o Copom explicou que a combinação entre a alta recente do dólar e as medidas fiscais influenciou a decisão de elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano. Além disso, o documento sugere que novas altas de igual magnitude podem ocorrer em janeiro e março de 2025, reforçando a preocupação com o cenário econômico.
Outro ponto de tensão foi a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (15). Durante entrevista ao “Fantástico”, Lula afirmou: “A única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%”. A declaração gerou receios sobre possíveis interferências na política monetária.
Por que o Banco Central está intervindo no mercado?
Diante da disparada do câmbio, o Banco Central do Brasil (BC) intensificou as intervenções no mercado. Hoje (17), realizou um novo leilão extraordinário, ofertando US$ 1,2 bilhão para conter a volatilidade da moeda. Essa ação foi a quarta intervenção consecutiva do BC, mostrando o esforço da autoridade monetária em estabilizar o mercado cambial.
Na segunda-feira (16), o BC havia promovido dois leilões, incluindo um de R$ 3 bilhões com recompra, o maior desde abril de 2020, durante a crise da pandemia. Essas medidas mostram como a situação atual exige respostas rápidas e coordenadas para evitar desdobramentos ainda mais graves.
O impacto do cenário internacional
No exterior, a força do dólar é sustentada pelo índice DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a seis outras moedas globais. Hoje, o indicador está em alta de 0,11%, atingindo 106,964 pontos, um patamar próximo às máximas históricas.
Além disso, dados robustos da economia dos Estados Unidos, como o aumento de 0,7% nas vendas do varejo em novembro, reforçam a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) pode adotar uma postura menos agressiva em sua reunião de política monetária. Entretanto, o mercado continua atento à decisão do Fed, que será divulgada amanhã (18), com projeções de um corte na taxa de juros para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.
O que esperar nos próximos meses?
A alta do dólar levanta questionamentos importantes sobre o futuro da economia brasileira. O mercado está preocupado com a capacidade do governo de avançar com o pacote fiscal sem desidratações e com a independência do Banco Central em decisões de política monetária.
Além disso, o comportamento do Fed e os desdobramentos da economia global continuarão a impactar a cotação da moeda norte-americana. A expectativa de novos cortes de juros nos Estados Unidos pode aliviar parte da pressão, mas, enquanto os fatores internos permanecerem incertos, o dólar deve continuar elevado.
- Acompanhe diariamente as notícias do Tocantins pelos nossos canais no WhatsApp, Telegram, Facebook, Threads e Instagram.
Referência: MoneyTimes