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Cientistas alertam sobre riscos sem precedentes da criação de bactérias-espelho

Cientistas alertam sobre riscos sem precedentes da criação de bactérias-espelho

A criação de bactérias espelho, organismos sintéticos com estruturas moleculares invertidas em relação à natureza, levanta preocupações globais. Um relatório publicado na revista Science por um grupo de 38 cientistas de nove países destacou os perigos potenciais desse avanço tecnológico. Embora a criação desses organismos ainda esteja distante — provavelmente uma ou mais décadas — os pesquisadores alertam que os riscos associados são “sem precedentes” e negligenciados.

O que são bactérias-espelho?

As bactérias espelho seriam formas de vida sintéticas cujas moléculas apresentam quiralidade invertida, ou seja, uma configuração oposta às encontradas na natureza. Essa quiralidade — como a diferença entre uma luva esquerda e direita — impede que moléculas com formas opostas interajam corretamente.

Toda vida conhecida segue padrões uniformes de quiralidade:

  • DNA e RNA: são compostos por nucleotídeos “destros”.

  • Proteínas: Formadas por aminoácidos “canhotos”.

A inversão dessas estruturas pode criar organismos completamente novos, com propriedades nunca antes vistas na natureza.

Riscos associados às bactérias-espelho

Embora o desenvolvimento dessas bactérias esteja em um estágio muito inicial, os cientistas destacam preocupações significativas:

  1. Imunidade comprometida:

O sistema imunológico humano reconhece formas moleculares específicas para combater infecções. Organismos com quiralidade inversa poderiam escapar dessa detecção, tornando os seres humanos, animais e plantas vulneráveis a patógenos desconhecidos.

  1. Impacto ambiental:

    • Uma bactéria espelho poderia agir como uma espécie invasora em ecossistemas, afetando a biodiversidade e causando danos irreversíveis.

    • Mesmo com uma gama limitada de hospedeiros, os danos poderiam ser catastróficos.

  2. Evolução e adaptação:
    Mesmo que inicialmente sejam organismos de difícil sobrevivência, mutações poderiam acelerar sua evolução, tornando-os mais eficientes e perigosos.

O estado atual da pesquisa

Os avanços em biologia sintética já permitem manipular moléculas e células, mas criar bactérias espelho ainda é extremamente desafiador. Segundo os cientistas:

  • Fazer isso exigiria esforços coordenados e investimentos massivos, comparáveis ao Projeto Genoma Humano.

  • Tecnologias necessárias ainda não foram desenvolvidas, como a produção de moléculas espelhadas autossustentáveis.

O professor Tom Ellis, do Imperial College, destacou que essas preocupações, embora válidas, ainda são altamente especulativas devido à complexidade técnica envolvida no processo.

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