Notícias de Palmas – A performance “Especulação Arbórea”, realizada pela artista ‘Almeida et al‘ em Palmas, tem provocado debates inas ruas e nas redes sociais. A ação, organizada pelo Coletivo Flácido, confronta de forma crítica e poética dois problemas urbanos cada vez mais evidentes na capital: a especulação imobiliária e a escassez de áreas verdes.
Na intervenção, placas com dizeres como “aluga-se” e “vende-se sombra” foram espalhadas pela cidade, acompanhadas de valores fictícios. A ironia é clara: enquanto os preços do mercado imobiliário disparam, Palmas carece de sombra, espaços de lazer e arborização adequada.
O questionamento da artista ganha ainda mais peso diante dos números oficiais do IBGE. Pelo oitavo ano consecutivo, Palmas manteve o recorde nacional de domicílios ocupados por moradores que pagam aluguel. Em 2024, 44,9% dos domicílios da capital estavam nessa condição, superando em 6 pontos percentuais a segunda colocada, Goiânia (38,9%).
Desde 2016, quando o índice era de 31%, a tendência tem sido de crescimento. Palmas também foi a primeira capital a ultrapassar a marca de 40% em aluguel, atingida em 2022 (43,0%), evidenciando a dificuldade da população em acessar moradia própria e a pressão da especulação sobre a vida urbana.
“Quis provocar uma leitura dupla: a ausência de arborização e o peso da especulação imobiliária. Palmas é a capital mais jovem do Brasil, mas não garante condições dignas e acessíveis de moradia. No lugar de árvores nativas do Cerrado, insiste-se em plantar palmeira azul, símbolo estético que pouco contribui para o conforto térmico”, explicou a artista.
Para o gestor do Coletivo Flácido, Filipe Porto, a repercussão demonstra a força da arte no debate público.
“A reação das pessoas mostra que Palmas precisa discutir de maneira séria sua relação com o espaço público, a moradia e o meio ambiente. A arte tem esse papel de abrir espaços de reflexão coletiva”, afirma.
A performance integra parte da residência artística Escala 1:1 – Ações Humanas para Espaços Monumentais, que ao longo de agosto reuniu artistas locais e nacionais em Palmas para desenvolver trabalhos em torno da ocupação e do uso dos espaços urbanos.
O projeto foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc 2, operacionalizados pela Prefeitura de Palmas, por meio da Fundação Cultural de Palmas.
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